Desaguadero é extremamente sujo! O terminal não tem absolutamente nada. Paguei uma propina à um molequinho que me atravessou numa bicicleta-taxi. O onibus, que me disseram sair as 10:30, so saiu as 11:30. Acredito que La Paz - Arequipa não seja um trajeto muito turístico! (Acredito foi uma maneira mais sutil de dizer "tenho certeza"). Só haviam peruvianos e/ou bolivianos no onibus. Ao subir, umas mulheres me pediram ajuda para "passar" as coisas. Não entendi muito bem. Como todos se negavam, me neguei também e fiquei 100% de olho nas minhas coisas. Foi a pior viagem que já fiz na vida (posso afirmar isso mesmo 2 anos depois). Paramos na aduana umas 3 vezes e a cada vez eu entrava em um pânico maior. Vários policiais procurando drogas e muambas e um monte de gente com muamba... Eu descia com medo de pegarem minhas coisas ou colocarem algo escondido. Não paramos em canto nenhum pra almoçar e a despreparada aqui não tinha comida. Mas a melhor parte está por vir: o onibus não tinha banheiro. 8 horas de viagem sem banheiro. Minha sorte foram os 5 minutos de parada numa rodoviária no meio do caminho. Quase choro pro motorista me esperar e fui correndo! Fui tão amadora que não pensei em comprar algo pra beber ou comer. As necessidades fisiológicas eram maiores! O tempo não passava. Tinha um cabrito com o senhor ao meu lado, como se fosse um cachorrinho. Fiz várias técnicas de fechar o olho, meditar e tentar me transportar pra outro ambiente, fingindo que aquilo não estava acontecendo. Sou expert nessa técnica. Mas a fome, o enjoo, a dor de cabeça, a demora, a polícia... Nada disso permitia tamanha concentração. Ja eram 18h quando a aduana nos parou novamente. Tudo completamente escuro na estrada. E eles com várias lanternas na nossa cara. Parecia um filmes terror. E quando você acha que nada pode piorar, o onibus se prepara pra sair e... Surpresa. O onibus quebrou. Não funcionava. Não queria ligar. Eu não entendia mais o que estava acontecendo, no meio daquela estrada escura, deserta... Não agüentei segurar as pontas sozinha: comecei a chorar. As lágrimas rolavam incontrolavelmente. Fechei os olhos, cobri com o gorro e comecei a rezar. Passei as últimas horas da viagem rezando. E muito. Não tinha um único turista ou mochileiro pra dividir as emoções comigo. Saimos novamente... O onibus falhava as vezes, fazia menção de parar de novo. Mas graças a Deus nada aconteceu. Estávamos rodeados de montanha. Há horas eu não havia visto nenhuma civilização na estrada. E ficar na aduana não era uma opção agradável. Não conseguia nem imaginar o que fazer caso algo acontecesse.
Chegar em Arequipa, pegar um taxi pro Wild Rover Hostel, foi uma das melhores sensações da viagem inteira. 20:30 deixei as malas no albergue, esqueci o que tinha passado e sai correndo pra Plaza de Armas pra tentar fechar um tour pro dia seguinte. Meu tempo estava esgotando!!
Consegui! Mesmo de ultima hora! Voltei pra tomar minha free beer (pois quem se hospedou em outro Wild Rover ganhava!), tomei um belo banho e banheiro privado, vi que a festa de lá estava miada (que diferença do de La Paz...). Voltei ao centro pra comer (só tinha Mc Donalds aberta, fazer o que?! Aff rsrs) e dormi como um anjo, sã e salva!